Com dicas práticas e sugestões de produtos, painel na ABRIN 2025 discute como lojistas podem contribuir para um equilíbrio saudável entre o mundo digital e as brincadeiras tradicionais

A ABRIN 2025 trouxe à tona um debate essencial para o desenvolvimento infantil: como equilibrar o tempo de tela e incentivar brincadeiras offline?
Durante o painel “Resgate do Brincar: Estratégias e produtos para reduzir o tempo de telas das crianças”, especialistas do setor discutiram abordagens inovadoras e apresentaram soluções para lojistas interessados em atender à crescente demanda por brinquedos que promovam interação real.
O evento contou com a participação de Bruno Pranzetti Lima, diretor executivo da Papelaria de Brinquedo, Matheus Hernandez, diretor de marketing da UniToys, e foi mediado pela psicóloga infantojuvenil e neuropsicóloga Tamara Maia, sócia-proprietária da Little Lion e da Clínica Viva Infância.
Quer saber como lojistas podem se preparar para essa tendência e oferecer produtos que incentivam o brincar offline? Continue lendo!
O desafio de equilibrar o tempo de tela na infância
Resgatar o brincar offline em uma geração que nasceu imersa no digital exige estratégias que envolvam não apenas as crianças, mas principalmente os pais. Esta foi uma das principais conclusões apresentadas no painel apresentado no palco da Abrin Talks 2025.
“Para tirar as crianças da frente das telas, antes de tudo, o nosso objetivo como vendedor é atingir realmente o pai e a mãe. Porque o pai e a mãe querem a criança fora da tela, porém estão o tempo inteiro na tela”, destacou Matheus Hernandez, evidenciando a contradição presente em muitos lares.
Brinquedos que conectam gerações e criam pontes entre o online e offline
Uma das tendências destacadas pelos especialistas foi a criação de produtos híbridos que fazem a ponte entre o universo digital já conhecido pelas crianças e as experiências físicas tão necessárias para seu desenvolvimento.
“As gerações de hoje já nasceram num mundo em que a tela é o padrão de convivência. Portanto, nós, lojistas, devemos adaptar os brinquedos para aqueles personagens que eles já conhecem no mundo online”, explicou Bruno Pranzetti. “Hoje, não adianta excluir a tela. Precisamos de um equilíbrio entre ambos”, complementou.
Os especialistas apontaram que produtos licenciados com personagens conhecidos, jogos de tabuleiro, kits de desenho e artesanato, e brinquedos “Do It Yourself” (faça você mesmo) são opções que têm apresentado excelentes resultados para engajar crianças em atividades offline.
Dados e estatísticas preocupantes sobre uso de telas na infância
Durante o painel, foram apresentados dados alarmantes sobre o uso de dispositivos eletrônicos por crianças e adolescentes:
- Pesquisas revelam que crianças a partir de 8 anos utilizam celular por mais de 8 horas diárias
- 54% das famílias mantêm a televisão ligada durante o jantar
- Estudos mostram que mudanças bruscas de cena a cada 7 segundos em vídeos infantis criam padrões de atenção fragmentados
Por outro lado, o retorno à vida off line, apesar de desafiador, já que se trata de uma mudança em hábitos já naturalizados, tem comprovadamente surtido efeitos benéficos no público infanto-juvenil. Bruno Pranzetti compartilhou um estudo em que adolescentes ficaram 21 dias sem celular: “O resultado mostrou uma melhora significativa na qualidade de vida. Eles começaram a olhar mais nos olhos das outras pessoas, a se concentrarem melhor nas aulas e a terem maior interação entre si”.
O papel das escolas e da família na criação de zonas livres de tecnologia
Os especialistas enfatizaram a importância de criar “zonas livres de tecnologia” em casa e na escola para proporcionar momentos de qualidade e desenvolvimento saudável.
“Eu venho de uma geração em que almoço e jantar eram sagrados. Esses momentos têm de ser zonas livres de tecnologia”, defendeu Matheus Hernandez. Pranzetti complementou, destacando a importância destes momentos de pausa no entretenimento para desenvolvimento infantil:
“Os pais e as mães têm um grande desafio que é formar uma criança desde a mais tenra idade até a vida adulta. Dentre esses desafios, o que chama muita atenção é que você tem que prepará-las também para viver o ócio, um sentimento faz parte da vida. Esse ócio, muitas vezes, gera criatividade”
Os palestrantes observam que nas escolas, nota-se um movimento contrário ao de sua geração. Se antes a novidade era a “aula de informática”, hoje as instituições buscam alternativas para desconectar as crianças e trabalhar melhor suas habilidades sociais.
“As escolas estão buscando alternativas, ter a sala do brinquedo, ambientes onde você pode desconectar a criança”, explicou Bruno Pranzetti. “O que ocorre muito com nós lojistas é que as escolas entram em contato procurando produtos que atendam esse nicho.”
O futuro do brinquedo e as tendências para 2025
Para os próximos anos, os especialistas apontam tendências claras no setor de brinquedos:
- Brinquedos híbridos: produtos que combinam elementos digitais e físicos, como o exemplo do Mario Kart, citado por Matheus Hernandez que, com a integração do jogo a uma pista externa, permite tanto brincadeiras online quanto offline
- Produtos personalizáveis: brinquedos que as crianças podem montar e customizar, criando momentos de conexão com os pais
- Design focado na experiência: mais que cores vibrantes, o design deve considerar como a criança interage fisicamente com o produto, proporcionando uma experiência agradável e envolvente
- Produtos que valorizam o “ócio criativo”: materiais que estimulam a criatividade e a autonomia quando a criança está “sem nada para fazer”
“O principal é iniciarmos realmente uma campanha que foque no fora de telas. A ABRIN já está dando esse passo este ano”, concluiu Matheus Hernandez, destacando a importância de toda a cadeia do setor de brinquedos abraçar essa causa.
A mensagem final do painel foi clara: o caminho não é eliminar as telas, mas criar alternativas atraentes que resgatem o valor das interações reais, do desenvolvimento de habilidades sociais e dos vínculos afetivos que o brincar offline proporciona.
Continue acompanhando os conteúdos da ABRIN 2024 para ficar por dentro das principais tendências do setor!