A edição de 2025 da ABRIN tem demonstrado que o mercado de brinquedos no Brasil está em transformação. Itens a preços acessíveis e brinquedos colecionáveis vêm ganhando espaço e demonstrando ser excelentes apostas para o setor. Durante a palestra “Entendendo os novos perfis de venda de brinquedos no Brasil”, Célia Bastos, diretora executiva da Circana Brasil, apresentou dados que revelam um aumento de 6% no volume de vendas em 2024, impulsionado principalmente por brinquedos de até R$50.
Essa tendência reflete uma mudança importante no comportamento do consumidor e abre novas oportunidades para lojistas e fabricantes. Continue a leitura e aprenda mais sobre o tema!
Crescimento histórico no volume de vendas
Pela primeira vez em mais de quatro anos, o mercado de brinquedos no Brasil registrou um crescimento expressivo em volume de vendas, segundo uma pesquisa da Circana. “O mercado cresceu em unidades vendidas 6% em uma economia que mal cresceu 3%. E ninguém come brinquedo e nem bebe brinquedo”, destacou Célia Bastos.
Apesar de uma queda de 2% no faturamento, causada pela redução de 7% no preço médio dos produtos, o aumento no volume de vendas representa uma recuperação significativa para o setor, que vinha enfrentando retrações desde a pandemia.
Preços acessíveis: a chave para expansão
A análise comparativa com o mercado internacional revela um cenário surpreendente: enquanto uma criança americana recebe em média 40 brinquedos por ano e uma mexicana recebe seis, a média brasileira é de apenas dois brinquedos por criança anualmente.
Bastos aponta que há um paradoxo nesta conta, considerando as três principais ocasiões de compra no país: aniversário, Dia das Crianças e Natal. No entanto, a resposta parece estar justamente na acessibilidade dos produtos disponíveis no mercado:
“O preço médio do brinquedo em dólar no Brasil é mais caro do que nos Estados Unidos, onde eles ganham em dólar e gastam em dólar” explicou Bastos, que parte desta análise para enxergar um cenário otimista: “aqui tem uma grande oportunidade para aumentar a venda numérica de brinquedos”.
O otimismo de Bastos é embasado pelo próprio estudo da Circana: ele demonstrou que 55% das unidades vendidas em 2024 tinham preço de até R$50, com média próxima a R$25. Esse segmento, denominado “precinho” pelos especialistas, movimentou R$1 bilhão no ano passado, indicando um caminho estratégico para o crescimento do setor.
Entre os campeões de venda nessa faixa de preço estão Hot Wheels (R$17), Polly Pocket (R$20), Uno (R$24), e versões acessíveis de Barbie (R$22 e R$41), demonstrando que as marcas consolidadas podem atingir públicos diversos com estratégias de preço adequadas.
Colecionáveis e Kidults: uma tendência em ascensão
Os colecionáveis e kidults também ganharam destaque, com um crescimento impressionante de 51% no Brasil desde 2021. “No mundo, os colecionáveis cresceram 9%, enquanto no Brasil esse número foi de 51%”, afirmou Célia.
Essa categoria, que inclui itens como pelúcias colecionáveis e réplicas de veículos, tem conquistado tanto crianças quanto adultos, ampliando as oportunidades para o varejo especializado.
Licenciamento infantil e novas oportunidades
O licenciamento infantil também está em alta, representando 29% das vendas em 2024, o maior índice histórico. “Em 2025, teremos mais de 20 blockbusters com oportunidades de licenciamento, o que deve impulsionar ainda mais o setor”, afirmou Célia Bastos.
Além disso, a restrição ao uso de celulares nas escolas, que impacta 47 milhões de crianças e adolescentes, abre novas possibilidades para ações de marketing e parcerias com instituições de ensino.
Oportunidades para o varejo especializado
O mercado de brinquedos no Brasil está se reinventando, com foco em preços acessíveis, colecionáveis e licenciamento. Para os lojistas, essa transformação representa uma oportunidade única de diversificar o portfólio de produtos e atrair novos públicos.
Esta palestra na Abrin 2025 reforçou que, em um cenário desafiador, a inovação e a adaptação às tendências são essenciais para o sucesso no setor.