Paper Toys ganham espaço como tendência no setor de brinquedos na ABRIN

São Paulo, 9 de março de 2025 – Os paper toys, brinquedos de papel que combinam criatividade e interatividade, estão conquistando um público cada vez maior. Inspirados no origami japonês, eles evoluíram para modelos tridimensionais que permitem personalização e estimulam habilidades motoras e cognitivas. Além do apelo lúdico, os paper toys se destacam como uma opção de conexão entre pais e filhos.

O crescimento desse segmento acompanha a evolução do mercado de brinquedos no Brasil, que registrou um aumento de 8,5% em 2024, movimentando cerca de R$ 10,2 milhões. O setor cresceu aproximadamente 36% desde 2020, impulsionado pela inovação e pelo fortalecimento do varejo. “Os paper toys resgatam a essência do brincar de forma criativa e acessível. Eles se encaixam perfeitamente na demanda atual por produtos que proporcionam experiências aos consumidores. Na ABRIN, vemos como as marcas estão apostando nesse conceito para encantar o público”, afirma Luciana Ramos, Head de Produto da Francal.

Entre as novidades que serão apresentadas na feira, o Grupo Leonora traz o Kit Dedoche para Colorir Hello Kitty, que une personalização e interatividade. Segundo Bruno Astolfo, gerente de marcas e produtos da empresa, os paper toys também fortalecem o vínculo entre pais e filhos. “Eles oferecem um momento de diversão familiar e ajudam no desenvolvimento infantil, estimulando a coordenação motora e a criatividade. Além disso, algumas escolas já estão adotando esse recurso como ferramenta educativa”, completa.

Combinando inovação e tradição, os paper toys seguem como uma forte tendência no mercado, mostrando que é possível brincar de forma criativa e longe das telas, uma das preocupações de quem tem filhos nesta geração.

Segundo dados do Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq), o número de produtos licenciados cresceu 7% este ano. Em 2024, entre os mais de 1.450 produtos lançados, 32% eram licenciados – percentual que saltou para 39% em 2025, entre mais de 1.680 lançamentos, refletindo o impacto crescente dessa estratégia no varejo nacional.

Na ABRIN 2025, a maior feira do setor de brinquedos da América Latina, grandes players do mercado apresentam suas coleções licenciadas, prometendo movimentar as vendas e ditar novas tendências. Para Fernanda Abreu, VP de Licenciamento e Agenciamento da Endemol e palestrante da feira, a conexão emocional entre consumidores e marcas é um fator determinante para o sucesso desse tipo de produto.

“Acredito que uma tendência – e que já estamos vendo – tem como base a identificação emocional das crianças e adultos com as marcas, que conseguem dialogar tanto com pais quanto com filhos. Essas conexões vão além da admiração por uma marca; elas trazem histórias, momentos e valores com os quais as pessoas se reconhecem e se identificam”, explica Fernanda.

Outro exemplo marcante no mercado brasileiro é a Mauricio de Sousa Produções, que mantém há anos uma forte presença no setor de brinquedos através do licenciamento, inclusive com a Xalingo, uma das mais de 250 marcas expositoras do evento. Entender o comportamento das crianças é essencial para criar produtos que realmente as agradem, de acordo com Samira Detoni, Gerente de Desenvolvimento de Produtos da Xalingo.

“O licenciamento vem ao encontro dessa conexão com o público. A Mauricio de Sousa Produções é a licença mais antiga dentro da empresa, além de ser do Brasil. Acho que valorizar o que é nosso e essa história tão linda é muito importante. A Mônica completou 60 anos em 2023, então é possível entender como essa licença constrói um comportamento educativo que os pais apreciam. No licenciamento, buscamos sempre marcas alinhadas com os nossos valores e exploramos o que as crianças estão gostando no momento. A licença nos ajuda nesse sentido”, explica.

A diretora executiva da Nig Brinquedos, Cristina Cardeña, reforça o impacto positivo do licenciamento. “Este ano, adicionamos ao portfólio a licença de produtos Disney, o que é maravilhoso para nossa empresa porque eles têm lançamentos durante o ano todo, o que nos dá oportunidades contínuas”.

Além dos personagens clássicos do cinema e da TV, o mercado de brinquedos tem visto um crescimento expressivo no licenciamento de influenciadores digitais. Segundo Fernanda Abreu, essa tendência tem impactado diretamente o varejo, pois oferece uma nova forma de engajamento com o público.

“Os influenciadores digitais geralmente têm um relacionamento muito próximo e autêntico com seus seguidores, o que facilita a construção de uma conexão forte com o público-alvo”, analisa Fernanda. Prova disso é a nova linha da Algazarra Toys. Inspirada no Gato Galactico, a empresa criou bonecos, jogos de memória, bolas, quebra-cabeças e outros produtos do personagem, que soma mais de 25 milhões de seguidores em suas redes sociais.

Ronaldo de Azevedo e Souza, que interpreta o Gato Galactico, esteve na ABRIN para apresentar esses lançamentos. “Estou muito feliz por lançar novos produtos na ABRIN, que é a maior feira de brinquedos da América Latina. O que mais nos orgulha é o reconhecimento dos pais e a confiança das famílias. É uma grande satisfação ver nossos produtos chegando ao público do evento”, conta.

Contudo, as franquias tradicionais ainda possuem uma base consolidada de fãs e uma estrutura robusta para desenvolver produtos e campanhas de longa duração. Dessa forma, os dois modelos coexistem e, na maioria dos casos, se complementam.

O sucesso dos produtos licenciados depende de uma estratégia bem definida, desde o desenvolvimento até a comercialização. Na ABRIN 2025, os grandes lançamentos de coleções licenciadas demonstram a diversidade de marcas no mercado e os diferentes públicos que podem ser atingidos.

Para Fernando Ruas, CEO da Francal, promotora do evento, realizado em parceria com a Abrinq, o mercado de licenciamento segue como um pilar essencial para o crescimento do setor.

“O Brasil tem um mercado de brinquedos dinâmico e em constante evolução, e o licenciamento é uma das estratégias mais eficazes para impulsionar as vendas e gerar valor para as marcas. O aumento na participação dos produtos licenciados mostra que os consumidores estão cada vez mais engajados com personagens e influenciadores que fazem parte do seu dia a dia”, afirma Ruas.

Com um cenário promissor e uma estratégia cada vez mais refinada, o licenciamento se firma como um dos principais impulsionadores do setor, consolidando seu papel na construção de marcas fortes e no fortalecimento do varejo de brinquedos no Brasil.

Abrin Parade

A primeira edição da Abrin Parade levou aos pavilhões do Expo Center Norte, no primeiro dia de feira, mais de 20 personagens. Entre eles, Ladybug, Cat Noir, Bob Esponja, Mundo Bita, Galinha Pintadinha e até mesmo o Robô do Corinthians.

Para Fernanda Sabino, Head de Marketing da Francal, a Parada de Personagens reforça a vitrine que a feira traz para essa classe de produto. “O licenciamento representa quase 60% das comercializações no ponto de venda. O modelo é altamente procurado e um grande sucesso entre os consumidores, principalmente, os mais jovens. A cada ano, as indústrias buscam fechar mais acordos e trazer novidades para o mercado. Por isso, hoje, os licenciamentos vão além dos personagens tradicionais e incluem criadores de conteúdo”, reforça.

Pesquisa realizada pela Kids Corp, entre agosto e outubro de 2024, com 2.485 crianças de 3 a 14 anos, revelou que a tecnologia tem um papel fundamental na escolha dos brinquedos. As cinco categorias de presentes mais desejados indicam que o conteúdo digital e o valor emocional são fatores decisivos para o público infantil. 

“A tecnologia tem transformado a forma como as crianças brincam, e os expositores da ABRIN estão acompanhando essa evolução com produtos inovadores. No evento, podemos ver que brinquedos tecnológicos não só divertem, mas também estimulam habilidades cognitivas e educacionais, conectando o lúdico ao aprendizado”, diz Fernando Ruas, CEO da Francal, promotora da ABRIN – maior feira de brinquedos da América Latina.

Seguindo essa tendência, muitos expositores trouxeram inovações que integram tecnologia e aprendizado. Entre os destaques estão os robôs interativos da Fun Divirta-se, que vão além do entretenimento e auxiliam no desenvolvimento educacional das crianças. Esses brinquedos combinam a abordagem STEM, sigla que significa Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática, para ajudarem os menores a desenvolverem lógica e outras habilidades essenciais de maneira lúdica.

“Robô não é uma brincadeira nova. Estamos trazendo robôs que as crianças já conhecem. O grande diferencial é mesclar um pouco da tecnologia, como a interatividade com tablet e celular. Misturamos a tecnologia, que está na mão dos pequenos e dos pais, com o brinquedo”, destaca Vinicius Avila, gerente comercial da Fun Divirta-se.

Outro lançamento da feira é o Bitzee, um pet virtual interativo apresentado pela Sunny Brinquedos. O Bitzee utiliza hologramas para criar uma experiência imersiva e emocional. O brinquedo incentiva o cuidado contínuo, com o pet evoluindo à medida que recebe atenção. Ao contrário dos bichinhos virtuais tradicionais, ele não “morre”, mas “parte” caso seja negligenciado, voltando a interagir assim que recebe cuidados. O sucesso do pet virtual já foi comprovado em mercados como Japão, Portugal e China, e a expectativa é que ele se torne um fenômeno no Brasil.

“Brinquedos que envolvem o cuidado com pets ou objetos ajudam as crianças a desenvolverem senso de responsabilidade, conexão e sociabilidade. Para as mais tímidas, o Bitzee pode ser uma forma de aprender a se relacionar. Além de diversão, esses brinquedos estimulam o desenvolvimento infantil de maneira interativa”, afirma Letícia Castro, gerente de Marketing da Sunny Brinquedos.

A tecnologia também chegou aos jogos de tabuleiro. O clássico Detetive, da Estrela, ganhou uma versão inovadora com realidade aumentada, onde os participantes utilizam o celular para obter dicas e vantagens na investigação. Essa integração entre o físico e o digital mostra como a indústria de brinquedos está evoluindo para atender ao novo perfil das crianças, que buscam experiências mais dinâmicas e conectadas a tecnologia.