O futuro do varejo de brinquedos: integração entre tecnologia, educação e experiência

Legenda: Eduardo Kapáz, Ana Amélia e Tábitha Medeiros. Créditos: Recs Films.

A Abrin 2025, principal feira de brinquedos da América Latina, reuniu experts para debater o futuro do varejo de brinquedos em um painel mediado por Ana Amélia, cofundadora da Play Pesquisa e Conteúdo Inteligente. Com participação de Tábitha Medeiros, sócia-fundadora da Brincriarte, e Eduardo Kapáz, sócio-diretor da ELKA Brinquedos, o evento explorou como a integração física e digital, aliada ao foco no desenvolvimento infantil, está moldando o mercado.

O objetivo foi oferecer reflexões práticas sobre como os lojistas podem inovar para atender às demandas das famílias modernas, combinando tecnologia, educação e experiências memoráveis. Confira os principais destaques!

Brinquedos e tecnologia: aliados no desenvolvimento infantil

Tábitha Medeiros destacou que brinquedos tradicionais e tecnologia não competem, mas se complementam. “O brinquedo educativo é muito importante, especialmente na fase de zero a seis anos, para trabalhar a elasticidade dos neurônios. As experiências sensoriais formam a criança e a capacitam para assimilar outros conhecimentos”, afirmou.

Eduardo Kapáz reforçou essa visão, destacando que a tecnologia, quando bem utilizada, pode ser uma ótima aliada. “Não vemos o brinquedo como concorrente da tecnologia. E precisamos definir que, para nós, tecnologia aqui significa o uso de telas”, explicou.

Tendências globais e inovação brasileira no setor

Os especialistas apontaram tendências globais que estão ganhando força no Brasil, como brinquedos outdoor e a linha Montessori. Tábitha Medeiros compartilhou que, na Itália, o método Montessori é padrão em todas as escolas de 0 a 6 anos, enquanto no Brasil ainda é visto como um diferencial premium.

Outro destaque foi a crescente demanda por brinquedos que ajudam no desenvolvimento socioemocional. “O lúdico ajuda a criança a expressar sentimentos que ela não consegue verbalizar”, explicou Tábitha.

 O desafio das lojas físicas no ambiente digital

Kapáz trouxe dados relevantes: “O e-commerce representa cerca de 15% das vendas no Brasil. Os 85% restantes são físicos, e o desafio é oferecer conveniência, preço e experiência de loja”.

Tábitha Medeiros complementou: “É fundamental usar as redes sociais como um convite para o cliente visitar a loja física. Abrir os brinquedos e oferecer experiências lúdicas é essencial para criar conexões reais”.

Inclusão e neurodiversidade: oportunidades no mercado

O painel também abordou a crescente demanda por brinquedos inclusivos e adaptados para crianças neurodiversas. Ana Amélia, co-fundadora da Play Pesquisa, trouxe um dado impactante: “Hoje, uma em cada 36 crianças têm autismo no Brasil. É um número muito alto.”

Esta realidade representa tanto um desafio quanto uma oportunidade para fabricantes e varejistas desenvolverem produtos que atendam às necessidades específicas deste público, considerando que “brincar regula emoção” independentemente de a criança ser neurotípica ou não.

O papel dos influenciadores na decisão de compra

Eles também discutiram a influência das redes sociais e influenciadores na escolha de brinquedos. Eduardo Kapás destacou a relevância desses profissionais, especialmente quando se trata de micro-influenciadores, que frequentemente geram mais resultados que grandes nomes.

Tábitha compartilhou uma experiência interessante sobre influência: “As principais influenciadoras do Dino Papa Tudo são as psicopedagogas e profissionais de odontologia. Dentistas usam o brinquedo como forma de ensinar a criança a escovar os dentes.” Este caso mostra que, às vezes, os influenciadores mais efetivos para uma marca não são necessariamente celebridades, mas profissionais respeitados em suas áreas.

A integração entre o físico e o digital, o foco no desenvolvimento emocional e cognitivo das crianças, além da capacidade de criar experiências memoráveis na loja foram apontados como fatores fundamentais para o sucesso do varejo de brinquedos nos próximos anos. Para sobreviver e prosperar, os lojistas vão precisar estar atentos às tendências globais, assim como valorizar a proximidade e o conhecimento de seu público local.