O que será o amanhã?

Educação, desenvolvimento pessoal, tecnologia e formas de vender são algumas das incógnitas num mundo em constante transformação

No terceiro dia, a trilha de conteúdo da ABRIN 2024 continuou sua viagem pelo tempo. Passado, presente e, agora, futuro. As apresentações e painéis do ABRIN Talks miraram o que está por vir e todos os desafios e, principalmente, oportunidades que os próximos anos reservam.

Fazer o bem

Não dá para falar de futuro sem falar da contribuição dos brinquedos para as novas gerações. O painel “Vendendo brinquedos como ferramenta de educação e formação humana” reuniu iniciativas inovadoras voltadas ao bem das pessoas.

Ícone deste tipo de ação, Alcione Albanesi, fundadora dos Amigos do Bem, relatou como tem levado alegria a moradores do Nordeste extremamente carentes. “Só no último Natal, distribuímos mais de 100 mil brinquedos percorrendo os povoados”, disse.

Inspirada pela mãe, Juliene Albanesi decidiu trilhar o mesmo caminho e criou a Turminha da Millie. “Eu sonhei com uma boneca com esse nome, e foi então que criei a marca e me convenci que o brinquedo poderia ser uma ferramenta para fazer o bem”.

A ToyMix vai na mesma linha, com brinquedos lúdicos, inclusivos e que colaboram para a formação das crianças. Para Cristiane Rodrigues, gerente de Marketing, o brinquedo faz parte da estrutura da criança para se tornar um adulto melhor. A “A tecnologia dos tempos atuais não atrapalham a missão da empresa: “Ela veio para ajudar quem quer ajudar”.

A rede de varejo Ri Happy é uma importante parceira de todos estes projetos. “As crianças utilizam a brincadeira como forma de ensaiar a vida. Todo e qualquer instrumento que ajuda neste processo é o brinquedo”, reforçou Thiago Rebello, CEO do grupo.

Como elas vão brincar?

A grande questão é: o que esperar do brincar? A tecnologia vai dominar? Haverá um resgate dos clássicos? Ambos? Esse foi o tema do painel “Como irão brincar as crianças do futuro? Os desafios do varejo de brinquedos e como superá-los à frente”.

Eduardo Ramos, head de Negócios Digitais do Grupo Barão, contou que as duas opções convivem atualmente no mix da loja. “Vai do clássico, para os pais com nostalgia, até o tecnológico, pela capacidade de as crianças absorverem informação”.

A Criamigos trabalha com o resgate do vínculo afetivo das crianças com o brinquedo. Suas pelúcias agregam recursos tecnológicos e ampliam o sentimento dos consumidores. “No nosso negócio, 80% é a forma que a gente faz e só 20% é o produto que a gente vende”, contou Veronicah Sella, cofundadora da empresa.

O brincar fora de casa está no DNA do Grupo DBS, que fabrica brinquedos de mobilidade elétrica. Para o head de Marketing Lucas Zeferino, a brincadeira é uma necessidade e não tem idade. “A gente saiu da diversão individual e trouxe a família”.

Modelos de lojas

Para quem está pensando em empreender em uma loja de brinquedos, hoje ou nos próximos anos, uma pergunta que se coloca é qual o melhor modelo: franquia ou loja própria.

O terceiro painel do dia, “Pensando em começar um negócio com brinquedos”, reuniu diferentes experiências. Adriano Santos, por exemplo, está hoje à frente da BMToys, novo braço do grupo BMart. “Não tem nada mais gratificante do que você visualizar no ponto mais alto aquilo que idealizou”.

Kleber Leal, diretor de Expansão e Novos Negócios da Ri Happy, não vê uma contradição entre os modelos: “A gente não acredita em certo e errado no sentido de loja própria ou franquia. Por isso, trabalhamos com os dois modelos, respeitando muita a regionalidade”.

No segmento de serviços para entretenimento de crianças, a YouPlay expandiu por meio do sistema de franquias. o CEO Giuliano Carioca garante que o mais importante são algumas características do empreendedor: “Sentir alegria na presença de crianças, equilíbrio emocional para lidar com adversidades e manter um bom plano financeira”, ensina.

O Sebrae apoia os empreendedores independentemente do modelo que desejarem, e revela que a escolha depende muito de o candidato avaliar o próprio perfil. “A gente fala muito em planejamento, qualquer que seja a escolha. Antes de tudo, estude, levante informações e pesquise o mercado em que vai atuar”.

Tendências

Para imaginar o futuro é preciso entender o presente. O vice-presidente para América Latina do instituto de pesquisa Circana, Daniel Morimoto, apresentou dados do mais recente levantamento do setor de brinquedos no Brasil e no mundo.

Entre as informações valiosas, ele apontou que as categorias que puxaram o crescimento de 2% do mercado nacional em 2023 (na comparação com o período pré-pandemia, 2019) foram: veículos de dedo, jogos de cartas estratégicos e pelúcias sem mecanismo.

E indicou uma grande oportunidade: “No mundo, o consumidor de brinquedo com mais de 15 anos representa 13%, enquanto que na América do Sul, apenas 2%. É um enorme segmento a ser explorado”.

Ressignificação

“A palavra ressignificar vem ao encontro de tudo que a gente que trabalha com brinquedo precisa fazer todos os dias”, afirmou a gerente de Inovação da Xalingo, Samira Detoni, no painel “Indústria e varejo discutem a ressignificação do setor”.

Na avaliação de Germano Brandino, diretor de Marketing da Novabrink, indústria e varejo passam por um momento de grande transformação: “Talvez as fórmulas que nos levaram ao sucesso até hoje não funcionem mais”. E fez um alerta: “A gente tem que utilizar a tecnologia para não perder eficiência sem perder o foco no brincar”.

João Nagano, diretor de Marketing da Grow, reconhece que o clássico e a tecnologia não são excludentes: “A gente tem que integrar o novo ao tradicional, interligando os dois mundos”.

Para auxiliar a indústria e o varejo nesta transformação, Gustavo Lima, diretor de Soluções da Otimiza, apresentou o estágio adiantado da Indústria 4.0 no Brasil e tudo que ela permite em termos de personalização, variedade e custo.

Palco do expositor

O terceiro dia do ABRIN Talks abriu espaço para duas empresas expositoras com ideias e produtos inovadores.

A Mazurky, representada pelo gerente Comercial e Marketing Diego Araújo, fabrica brinquedos de papelão, que têm a capacidade de resgatar experiências sensoriais nas crianças.

“A experiência com o brinquedo de papelão começa com a montagem e a pintura. Isso possibilita a construção de novas possibilidades e incentiva a personalização”, destacou.

A outra empresa a ocupar o palco foi a Paper Games, especializada em jogos de cartas. “A gente acredita que nossos jogos são uma alternativa simples e barata às telas. Precisamos urgentemente criar espaços seguros para nos divertir coletivamente”, defendeu o diretor de Marketing, Danilo Salvego.

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